No Brasil, 52% dos empreendedores são negros. Porém, cerca de 30% desse contingente de pessoas não geram emprego. É importante entender o que está por trás desses números. Afinal, o que leva a população negra a trabalhar por conta própria?

Sem dúvida, a falta de oportunidades de emprego é o principal problema que motiva as mulheres a buscarem alternativas para gerar renda. De acordo com informações do Instituto Ethos, no quadro de executivos das maiores empresas do país, menos de 4,7% dos cargos são ocupados por negros.

Esses dados refletem a grande desigualdade e preconceito que persiste nos ambientes de trabalho. Diante dessa realidade, muitas mulheres decidem abrir um negócio próprio.

Muitas empresas lideradas por mulheres negras tem o objetivo de atender às demandas da comunidade negra. No mercado da beleza, por exemplo, há negócios voltados para a criação de produtos exclusivamente para a pele e cabelos afro.

No mês da Consciência Negra, vamos destacar algumas mulheres negras, donas de empresas bem sucedidas para inspirar outras mulheres a buscar seu espaço no mercado através do empreendedorismo.

Sheila Makeda, Shirley Leela e Sandra Silva – Makeda Cosméticos  

Com o propósito de atender mulheres com cabelos crespos e cacheados que não encontravam no mercado um produto específico para seu tipo de cabelo, a empresa brasileira Makeda Cosméticos desenvolveu uma linha de produtos para lavar, condicionar e hidratar fios rebeldes.

A união de três mulheres negras resultou em um empreendimento voltado para um público que não estava satisfeito com os atuais produtos disponíveis para cabelos crespos.

As sócias, Sheila Makeda, Shirley Leela e Sandra Silva, aproveitaram essa oportunidade de negócio para investir em um nicho de mercado que estava sendo atendido de maneira insatisfatória, assim obtiveram muito sucesso.

Heloísa (Zica) Assis – Beleza Natural

A ex-empregada doméstica Heloísa Assis já figurou na revista Forbes como uma das 10 mulheres mais influentes do Brasil. Ela abriu uma empresa de cosméticos que atualmente tem 38 unidades em diversas regiões do país.

A rede Beleza Natural fatura mais de 150 milhões por ano criando produtos exclusivos para cabelos crespos, ondulados e cacheados. Heloisa passou mais de 10 anos testando ingredientes para dar mais vida aos cabelos crespos. Assim, de forma revolucionária, ela desenvolveu a fórmula de um super produto relaxante na década de 90.

Rosangela José da Silva – Negra Rosa

De fato, as mulheres negras têm dificuldades em encontrar maquiagens para o seu tom de pele. Pensando nisso, a carioca Rosangela José da Silva, criou a marca Negra Rosa. Desde 2010, ela tem desenvolvido uma boa conexão com mulheres negras, a partir do seu canal no YouTube.

Hoje, Rosangela é dona de uma grande empresa de cosméticos que vende produtos exclusivamente para mulheres negras. A ideia da Negra Rosa, é oferecer maquiagens com tons adequados à pele escura.

Daniela Santos – Soul Brio

Depois de morar e estudar quatro anos em Barbados, um país essencialmente negro, Daniela Santos decidiu empreender no Brasil. Exaltar a beleza das mulheres negras sempre foi seu objetivo, por isso abriu uma empresa dedicada a desenvolver produtos para cabelos afro.

A inspiração veio de seus próprios dreads, quando percebeu que no Brasil não havia produtos para pessoas que adotaram esse estilo de cabelo. Em Barbados havia uma variedade de produtos voltados para esse público, mas no Brasil ela não encontrava nada parecido.

Dessa constatação surgiu a ideia de investir em uma linha de produtos para homens e mulheres que usam dreads. Assim, xampus, hidratantes e óleos foram desenvolvidos para realçar as tranças afro.

Resgatando as raízes

Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, os negros são fortes consumidores. Anualmente, eles movimentam mais de R$ 1,7 trilhão. Portanto, cada vez mais mulheres têm buscado empreender para atender a demanda da população negra, valorizando as raízes afro através de produtos de beleza.